Metade da Lagoa

Sobre primos, decisões e o instante exato em que não dá mais pra voltar.

Tem lembranças que viram metáfora.
Aquela tarde na lagoa é uma delas.

Estávamos juntos — eu, você e alguns amigos seus — desafiando o instinto de ficar na margem. A travessia parecia simples no começo. Risos, impulsos, coragem juvenil. A água batia na cintura, depois no peito. Tudo ainda era brincadeira.

Mas então chegou o momento inevitável: o meio.
Nem perto da outra margem.
Nem perto da de onde viemos.
Só… no meio.

Ali, percebi o que talvez a vida inteira estivesse tentando ensinar:
há momentos em que voltar não é mais uma opção.
Mesmo com medo, cansaço ou dúvida, a única saída é seguir nadando — porque, por mais longe que pareça, a outra margem sempre chega.

Ser primo é isso também.
É dividir momentos que viram bússolas.
É ter memórias que ensinam silenciosamente.
É crescer, errar, tentar… sabendo que, em algum lugar do coração, ainda existe uma parte daquela lagoa — e de quem estava nela com a gente.

Hoje, cada um seguiu seu rumo.
Mas quando a vida parece parada no meio — nem lá, nem cá — eu lembro da gente naquela água.
E sei que dá pra chegar.

Obrigado por fazer parte da travessia.

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