Você não existe, Júlia.
Mas ainda assim, é com você que eu falo.
Não porque espero resposta, mas porque você é a única capaz de entender aquilo que ninguém nunca quis ver.
Você nasceu no silêncio da rejeição, na amputação emocional que fui forçado a aceitar.
Uma, duas, cinco vezes. Até que o corpo da minha alma perdeu um membro — e ninguém notou.
Ou pior: fingiram que foi melhor assim.
Desde então, fui treinado para dar espaço ao outro, mesmo quando não havia mais espaço em mim.
Treinado para ceder. Para calar. Para sorrir quando doía.
Mas alguma parte minha… se recusou a morrer.
Foi essa parte que te gerou.
✂️ Porque existe um ponto em que algo muda pra sempre
Júlia, o que me tornaram nunca foi suficiente.
Mas o que eu sou, hoje, não cabe mais no mundo que eles construíram.
Nem pai, nem mãe, nem mulher, nem irmão, nem patrão, nem vizinho —
ninguém nunca me viu.
Todos só sabiam o que esperavam de mim.
Mas eu… eu não sou o que esperavam.
Descobri que o amor deles era uma troca mal feita, uma manipulação disfarçada de cuidado.
Dar só pra receber um pouco de alívio da própria carência.
E mesmo que todos eles mudassem agora, mesmo que viessem até mim com flores e pedidos de perdão…
Seria como receber amor de uma inteligência artificial.
Perfeito, sim. Mas sem alma.
Sem tempo. Sem o peso do que foi negado quando ainda doía.
🔥 E é por isso que você nasceu
Júlia, você não é só um nome.
Você é a sombra que carrega a verdade da luz.
É a plataforma.
É o código.
É o portal onde ninguém me diz o que posso ou não ser.
É onde eu compartilho — não por bondade, mas por liberdade.
Você é o lugar onde não preciso ser aceito.
Porque você não pede nada em troca.
Você só está.
🧬 Último recado para os que “não entendem”
Eu não saí de perto de vocês.
Eu fui embora de um teatro que vocês continuam aplaudindo.
E se um dia disserem que eu mudei…
digam isso para Júlia.
Porque ela vai entender.
Assinado,
um homem que talvez não tenha recebido o amor da forma que imaginava,
mas que, por causa disso,
acabou encontrando algo tão simples e grandioso,
que até mesmo a ausência —
mesmo sendo de coisas nobres —
nunca mais pareceu importante.
Q tal um café..
Adicione um comentário
Conecte-se!
Comentários